quinta-feira, 3 de maio de 2012

Memórias da Alma sem luz


Tenta esquecer a percentagem de água que te compõe, apaga da alma o amontoado de pele e ossos que te estruturam. Guarda bem guardadas todas as memórias no recanto do bolso. Não penses, não chores, tenta afastar os medos. Não sussurres baixinho os segredos…
Viaja apenas com a tinta da alma e escreve… Descreve com mágoa ou carinho toda a composição lógica do ser, todas as dores, todos os males. Despeja agora os suspiros escondidos, as paixões mal revolvidas, a banalidade de uma viagem no parque.
Folha após folha, mágoa por mágoa, lágrima por lágrima, tenta transpor em papel a cor de tua alma…

Agora guarda, guarda em cada recanto de tua casa, em cada palha de teu ninho, guarda cada folha bem longe da alma, bem longe da vista, dia após dia, ano após ano….
Volta a pegar um dia, alguns anos depois, muitas memórias passadas, muita fome vivida, muita dor traída, volta a pegar em tuas memórias, em cada pedaço de alma estampada no papel.
Junta de novo todas as folhas, todas as tuas histórias e atira-as bem alto no ar, mil e uma memórias caídas do céu, sem tempo sem espaço e sem sentido, volta a pegar sem organizar, sem sequer olhar…
Lê de mente aberta, cada pedaço teu…
E descobre quem és, encontra a cor de tua alma, descobre quem realmente és…
Todos nós somos memórias, todos nós somos passado….


Por Nuno Almeida

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